Filmes e tecnologia: O Chamado

Cuidado! Se você não viu esse filme (ainda?), pare a leitura. Esse texto contém spoilers.

O Chamado (The Ring) é um filme de 2002, remake de um terror japonês quatro anos mais novo. Conta a história da jornalista (!) Rachell Keller, personagem da gracinha da Naomi Watts, que decide investigar uma série de mortes bizarras relacionadas a uma fita de vídeo.

Ela descobre que todos os que assistem o vídeo morrem exatamente sete dias depois. O motivo é o espírito enraivecido de uma garotinha, Samara, que invade residências, escritórios, lofts, hotéis e qualquer tipo de lugar através da televisão, para perseguir e matar suas vítimas.

Temos que concordar que é uma mão na roda para a Samara poder acessar lugares através dos aparelhos de televisão, mais fácil só se fosse via celular. Agora, para a vilã continuar trabalhando seria necessário um upgrade, né? Porque, fita de vídeo? Quem ainda consegue assistir uma fita de vídeo hoje? Não me lembro de nenhum amigo que tenha um vídeo cassete em pleno funcionamento. Pobre Samara, teria que convencer alguém a transformar a velha fita em DVD. Ou em um arquivo AVI. Entretanto, aí começariam mais problemas para o espírito malvado.

Explico. Nossa heroína Rachell descobre que a única forma de se livrar da maldição é fazer uma cópia do vídeo. Ponto pra Samara, copiar VHS é um saco. Mas, se a mídia fosse um DVD, ficaria tudo mais fácil. E, se não existisse mídia, aí é que seria sua perdição. Copiar um arquivo de vídeo não é exatamente um grande trabalho. Muito pelo contrário: Ctrl C + Ctrl V="Cópia de video_mortal_samara_nao_abram.avi".

Ao mesmo tempo que nossa modernidade líquida poderia potencializar o alcance de Samara (já imaginou o vídeo macabro no youtube? nas redes peer to peer?) seria tão fácil neutralizar sua maldição quanto twittar o que você comeu no café da manhã. Pois é, meninos e meninas, mais um capítulo de como o mundo moderno e racional destrói com a magia da vida. Se tudo isso fosse verdade, quem morreria em sete dias?